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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

"O mais sublime dos Discursos Humanistas jamais ouvidos"

Não fui eu que escreveu o título, no entanto eu e omundo, acredito, concordamos com ele. Sáo de maravilhas
assim que precisamos(Palavras de Jeremias Fotógrafo).


O último discurso
   de “O Grande Ditador”
            Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
            Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
            O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.  A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
            A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
            Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
            Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
            É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
            Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!
Chaplin e "O Garoto" Chaplin em "O Grande Ditador"
De Carlos Drummond de Andrade "Canto ao Homem do Povo - Charles Chaplin". Clique aqui.
Recomendamos enfaticamente:

Tributo ao Gênio: Charles Spencer Chaplin

"Aos que me podem ouvir eu digo: `Não desespereis!' A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura dos homens que temem o avanço humano..."
Charles Chaplin
Um gênio incompreendido em seu tempo...

    Muito raramente a palavra "gênio" pode ser empregada com tanta propriedade quanto ao nos referirmos a Charles Chaplin, comparado por muitos a William Shakespeare. Sim, se o renascimento produziu gênios do quilate de Shakespeare, Bacon, Da Vinci, Maquiavel, a revolução industrial produziu gênios como Freud, Marx, Chaplin...

    Antonio Gramsci recomenda comparar o desenvolvimento interno de uma dada teoria filosófica à estruturação interna de uma religião como o catolicismo, por exemplo. Assim como há a alta teologia e o catecismo - ambos com o mesmo eixo temático, a diferença residindo apenas no nível em que a mesma mensagem é transmitida a públicos distintos - sugeria o filósofo italiano o surgimento de um "catecismo marxista", a fim de contribuir para acelerar o surgimento da consciência de classe para si do proletariado - evidentemente que tanto a mais elevada teoria marxista do conhecimento e o catecismo proposto guardando uma grande coesão interna.

    Seguindo esta linha de raciocínio, podemos pensar em freqüências vibratórias. Muitos de nós podemos estar vibrando na mesma sintonia em que vibrava Chaplin, embora, claro, dificilmente com a mesma genialidade. Àqueles que conhecem e se importam com esta vibração, que poderíamos chamar inclusive de Alto Humanismo, recomendo observar de perto a história de vida do grande ator, diretor e produtor cinematográfico.
   
Nascido na Inglaterra nos últimos lustros do século XIX, a virada do século o encontra menino ainda, paupérrimo, envolto em severos problemas econômicos e domésticos. Filho de artistas fracassados, viu no teatro seu único campo de atuação humana possível. Começava a demonstrar seu enorme talento quando o cinema se impôs como a "sétima arte" atraindo-o irresistivelmente para Hollywood. Ao longo de toda a sua vida, protagonizou, dirigiu, produziu, escreveu e musicou mais de setenta filmes, a maioria dos quais mudos, mesmo quando o som ia se tornando uma obrigatoriedade dentro da "sétima arte". Chaplin não queria que a fascinante figura do "Tramp" * falasse. Quando o cinema falado pressiona-o a mais não poder, o "Tramp" abre a boca no mais sublime dos discursos humanistas jamais ouvidos. Dele selecionei pequeno trecho para epigrafar estas linhas. O famoso "Último Discurso" do filme O Grande Ditador, desmantela todas as absurdas teses do nazi-fascismo, reclamando ao humano o lugar que tanto merece.
    
Impossível a quem quer que seja falar em tantas coisas extraordinárias (compreendendo aqui a "fala" como discurso corpóreo também) sem ser pelos mais variados motivos vítima de intolerâncias e incompreensões. Por exemplo, Chaplin jamais se filiou a qualquer partido político, mas sua crítica mordaz a todas as formas de injustiça ou de brutalidade contra o humano - com particular ênfase à dimensão social - coloca-o claramente no campo da esquerda; seu perfeccionismo levava-o a passar dias e noites a fio envolvido no acabamento final de determinados detalhes de seus filmes; como era feito principalmente de sentimentos e somente circunstancialmente de razão **, apaixona-se desbragadamente por Hetty Moyra Kelly, então com dezesseis anos, de quem a vida o afasta cruelmente, sem que ele chegue a sequer tocá-la - e ele passa o resto de seus dias a buscá-la em todas as mulheres com quem se relaciona.
   
Chaplin atacava de maneira mordaz e genial toda e qualquer forma de autoritarismo, agradando a toda a gente que sempre acha sensacional "chutar o traseiro do guarda", levando contudo um certo desconforto aos representantes da lei e da ordem... De todo o modo, esta tem sido a tônica dos humanistas do século XX: viver entre as paixões políticas e a busca incansável daquela pessoa que é o complemento humano único e obrigatório de cada um que, quando Deus nos criou, fez com que fôssemos radicalmente dependentes de outrem na esfera mais íntima de nossa constituição física e psíquica.
    
Quando percebemos quem foi e o que pensou Charles Chaplin, percebemos como é brilhante aquele que nos leva ao humor pela dor (ou vice-versa, o que é quase a mesma coisa). Poucos conseguiram fazer planger as cordas da nossa sensibilidade com tal grau de maestria! Talvez por isso mesmo tenha sido expulso dos EUA, a "grande democracia"...
    
Além da básica filmografia especificamente de Chaplin, dentre os quais destacam-se O Garoto, Tempos Modernos, O Grande Ditador, e Luzes da Ribalta (este último verdadeiro "testamento poético" do grande gênio); há que se assistir também a Chaplin , do diretor britânico Richard Attenborough, referência obrigatória. Quando a mesquinhez do cotidiano ameaçar incomodar-nos, façamos como os surrealistas, refugiemo-nos no sonho, na fantasia, no delírio até - que muitas vezes encontramos mais traços de realidade no chamado delírio que nas vãs ilusões do cotidiano.

De Carlos Drummond de Andrade "Canto ao Homem do Povo - Charles Chaplin". Clique aqui.
Confira a biografia de Charles Chaplin. Clique aqui.
Leia "O Último Discurso", proferido por Charles Chaplin no filme "O Grande Ditador". Clique aqui.

Recomendamos enfaticamente:
Chaplin - de Richard Attenborough - Biografia cinematográfica definitiva!
Em Busca do Ouro

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